Composição: Enriquez - Bardotti - Chico Buarque
"Uma gata, o que é que tem?
- As unhas
E a galinha, o que é que tem?
- O bico
Dito assim, parece até ridículo
Um bichinho se assanhar
E o jumento, o que é que tem?
- As patas
E o cachorro, o que é que tem?
- Os dentes
Ponha tudo junto e de repente vamos ver o que é que dá
Junte um bico com dez unhas
Quatro patas, trinta dentes
E o valente dos valentes
Ainda vai te respeitar
Todos juntos somos fortes
Somos flecha e somos arco
Todos nós no mesmo barco
Não há nada pra temer
- Ao meu lado há um amigo
Que é preciso proteger
Todos juntos somos fortes
Não há nada pra temer
Uma gata, o que é que é?
- Esperta
E o jumento, o que é que é?
- Paciente
Não é grande coisa realmente
Prum bichinho se assanhar
E o cachorro, o que é que é?
- Leal
E a galinha, o que é que é?
- Teimosa
Não parece mesmo grande coisa
Vamos ver no que é que dá
Esperteza, Paciência
Lealdade, Teimosia
E mais dia menos dia
A lei da selva vai mudar
Todos juntos somos fortes
Somos flecha e somos arco
Todos nós no mesmo barco
Não há nada pra temer
- Ao meu lado há um amigo
Que é preciso proteger
Todos juntos somos fortes
Não há nada pra temer
E no mundo dizem que são tantos
Saltimbancos como somos nós."
Foi a 1ª vez, em anos, q me dei conta do q dizia essa letra. E eu chorei, chorei copiosamente, pela carga política contida na letra, pelo momento histórico q levou à criação dessa letra, pela burrice dos censores, q a deixaram passar por ser "apenas um musical infantil".
Chorei pq existia uma cumplicidade nacional, coletiva, um desejo intrínseco de mudar, uma necessidade de se comunicar em público sem o entendimento dos opressores, mas com a percepção total dos oprimidos. E, até hoje, quando a escuto, me arrepio, lacrimejo.
Hoje, transportada pra minha realidade, no meu "momento político", penso q o q falta pra realidade da Saúde mudar é justamente essa união, essa certeza de q todos juntos podemos mudar a realidade do SUS, a realidade dos partos, dos Nascimentos, da Dignidade da Mulher, da Amamentação, da Educação, da Psiquiatria, da Paz.
Às vezes me sinto uma gota d'água no meio do nada, procurando o oceano imenso ao qual pertenço, mas que, infelizmente, ainda não consegui localizar. Já conheço umas gotinhas ali, outras acolá... Mas, o caminho a percorrer para poder alcançá-las é longo ainda. Eu quero gotas no caminho, no percurso, pra chegar junto no oceano.
Sei que não é impossível, mas é tão difícil encontrar semelhantes! Mas, "no mundo dizem que são tantos/ Saltimbancos como somos nós."
Que nos encontremos todos!!!
Um comentário:
Não se sinta sozinha, pois tenho percebido que existem outras gostas como você e que estamos ficando fortes neste oceano de meu Deus. Adorei o texto, até pq esta música lembra muito a minha infância por causa do filme dos trapalhões (espero não ter delatado minha idade, risos) e é uma das que eu coloco sempre para meu filho ouvir. Parabéns. Cristiane Fetter - O futuro do presente. Abraços
Postar um comentário